terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Uma simples pesquisa

Olá aos amigos,
Esse foi um dos textos mais gostosos de escrever e de atuar.
O Ernesto é um dos personagens mais deliciosos de vestir, pois permite uma série de inserções cômicas que sempre arrancavam muitas risadas da plateia.
Abaixo segue o texto da esquete teatral, e ao final o vídeo da apresentação em 2006, infelizmente a qualidade da gravação deixa muito a desejar.
Enjoy!

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Uma simples pesquisa




-Personagens:

·                                             Fernanda - F
·                                             Ernesto – E
·                                             Maria – M (Apenas voz)
·                                             Voz de fundo - N



-Cenário:

Cenário neutro.

-Objetos cênicos:

Vaso, mesa, cadeiras, telefone e prancheta.

-Início de cena:


F= (Entra em cena segurando a prancheta animada) Ufa! Que dia cansativo... Falta apenas uma pesquisa a fazer hoje e poderei ir pra casa. (Tempo) (Sorriso) Hummm... Não vejo a hora de encontrar com o Betão, mas acho que dá tempo, pois marquei com ele pra daqui à uma hora. (Tempo) (Animadíssima) Vai ser um final de semana inesquecível. (Tempo) Bom... Mas agora deixa de sonhar e vamos trabalhar. (Toca campainha)

E= (Voz) Já vai!

F= (Espera um pouco e toca novamente)

E= (Voz gritando) Eu já disse que já vai!

F= (Irrita-se) Pronto! Era só o que me faltava hoje. (Tempo) Na última casa vou pegar um mal educado para pesquisar. (Vai saindo de cena) Quer saber de uma coisa? Acho que vou embora.

E= (Entra em cena) Pois não?

F= (Sorriso) Graças a Deus! Aham... Boa tarde! Senhor?

E= Ernesto... (Tempo) Boa tarde minha jovem! O que deseja?

F= Prazer, meu nome é Fernanda e estou realizando um trabalho para o Censo 2005.

E= Olha filha! Você vai me desculpar, mas não quero comprar censo não. (Saindo de cena)

F= (Surpresa) Hã? Não entendi nada... Vou tocar novamente.

E= (Volta) Minha filha! Já disse que não compro bíblia, alcorão, censo...

F= (Interrompe) Mas senhor, aqui não estou vendendo nada.

E= (Sorriso) Mesmo? Então é amostra grátis? Se for assim me dá uns dois logo.

F= Acho que o senhor entendeu errado. (Postura séria) Sou do Censo 2005 e estou aqui na casa do senhor para fazer uma pesquisa, é só o senhor responder algumas perguntas por gentileza.

E= Ah, e por que não disse isso antes?

F= (Fala com a platéia) Pai do céu! Daí-me paciência, por favor! (Volta a Ernesto) Podemos começar?

E= Sim, mas entre um pouquinho para um cafezinho.

F= Só se for bem rapidinho, ainda tenho muita coisa para fazer hoje.

E= (Grita) Ô Maria! Temos visitas mulher, faz um cafezinho para a moça.

M= Faz você velho preguiçoso! Não vê que estou ocupada seu inútil?

E= Viu minha filha? É um doce de mulher. (Fala mais baixo) Bruxa velha!

M= Eu estou ouvindo Ernesto...

E= (Sem graça) Sim meu benzinho,você é um anjo que Deus mandou para o inferno e que o diabo devolveu aqui em casa(Tempo) Noiva do Chucky.

F= (Interrompe) Desculpe interromper, mas preciso trabalhar.

E= Que é isso filha? Pode começar sou todo ouvido.

F= (Olha prancheta) Quantas pessoas moram nessa casa?

E= (Contando os dedos) Eu e Maria (Tempo) Maria e eu (Tempo) O cachorro também conta?

F= Não senhor! Somente pessoas que moram na casa.

E= Tudo bem então! O cachorro já morreu mesmo. (Tempo) Eu, Maria. (Tempo) Você também conta?

F= Não senhor! (Irritada) Somente moradores da casa.

E= Mas você não está aqui dentro?

F= (Impaciente) Mas eu não moro aqui senhor. (Tempo) Vou colocar aqui como sendo dois moradores. (Tempo) Próxima pergunta: Qual o nome dos moradores da casa?

E= (Fala bem rápido) Bom o meu é Ernesto Celestino de Albuquerque Souza e Silva. (Tempo) Ah, quer que eu vá mais devagar, bem... Vou acompanhar seu raciocínio (Bem devagar) Eeeeeeeerneeeeeeeeeesssstoooooooooooooo... Está bom assim ou quer que vá mais devagar?

F= (Nervosa) Vou colocar apenas Ernesto. O nome de sua senhora por gentileza?

E= Pode colocar aí Maria Bruxa ou Maria Maluca mesmo.

M= Estou ouvindo viu velho safado? Olha o pau de macarrão.

E= Coloca apenas “Maria docinho de coco”. (Tempo) Doce de coco estragado. (Risos)

F= (Vira a platéia) Que velho maluco! (Volta a Ernesto) Vou colocar apenas Maria mesmo. Posso fazer a próxima pergunta?

E= Sim, mas antes vou buscar o cafezinho. (Sai de cena)

F= Ah meu Deus do céu! Não mereço isso! Falta tão pouquinho para acabar e agora ele vai embaçar na cozinha. E nem de café eu gosto. (Tempo) Com certeza ataquei pedra na cruz.

N= (Voz) Meia hora depois.

E= (Volta em cena e coloca o café na mesa) Desculpa, mas o café não ficou pronto porque minhas cuecas estavam lavando, mas se você quiser mando coar um fresquinho nas calcinhas da Maria, aliás, dá para coar café para todo mundo aqui (aponta a platéia).

F= (Fala com platéia) Pelo jeito além de caduco também é atrapalhado e desastrado. É bom nem tomar esse chafé. (Vira a Ernesto) Tudo bem seu Ernesto. Posso continuar a pesquisa?

E= (Crítico) Essa juventude sempre com pressa para tudo.

F= Bom... Qual a idade dos moradores da casa?

E= Bem, minha idade é. (Pega a carteira) Deixa-me ver. (Abre a carteira e olha documento) Nasci em 1918... (Conta nos dedos) 1918, 1919,1920,1921,1922,1923 (Tempo maior) 1944,1945 (Tempo) Grande ano esse de 1945... Lembro como se fosse hoje da guerra da Espanha quando lutamos contra os vietcongues.

F= Guerra da Espanha? Contra Vietcongues? Não tem alguma coisa errada?

E= (Irritado) Quem participou da guerra? Eu ou você? Se eu disse que lutei no Japão contra os Holandeses é porque é verdade.

M= Deixa de ser mentiroso velho! Você nem do exército participou porque fingiu estar doente.

E= (Resmunga) Bruxa velha e intrometida.

M= O que disse?

E= Anjo de ternura e sabedoria.

F= (Impaciente e irritada) Desse jeito vai longe! Vou colocar que o senhor tem 87 anos e no caso de sua esposa coloco...

E= (Interrompe) Coloca 2000 anos, a velha tava lá na Santa Ceia, aliás ela deu de mamar para o Matusalém.

F= O senhor tem filhos? (Toca telefone)

E= Só um bocadinho. (Pega telefone) Alô? Filha? Não! Não estou fazendo nada de importante agora, podemos conversar a vontade.

N= Uma hora e meia depois!

F= (Surtando).

E= Aí você mistura a farinha, o chocolate e bate bem na massa...

F= (Arranca o telefone do Ernesto) (Gritando) Posso fazer a última pergunta? Posso? POSSO?

E= (Calmo) Demorei tanto assim?

F= (Cínica) Não! Apenas uma hora e meia...

E= Ah bom! Então vou aproveitar e ligar para os amigos da Bocha...

F= (Arranca telefone gritando) Não!

E= Não?

F= NÃO!!! NÃO!!! (Histérica e saindo de cena) Quer saber de uma coisa? (Ataca prancheta no chão) Que se dane esse emprego, que se dane essa pesquisa. QUERO SAIR DAQUI! NÃO AGUENTO MAIS ESSA CASA DE LOUCOS... (Sai de cena gritando)

E= (Levanta com dificuldade, olha para a platéia e grita também) (Sai de cena)

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http://www.youtube.com/watch?v=Tn384gV7Y0w&feature=share&list=UUZCneKvt266L00H2UdhuMpw

sábado, 5 de janeiro de 2013

Silvia 3:30

Esse foi um dos primeiros textos que escrevi para teatro e o utilizei em diversas apresentações, tanto amadoras como no Baú de Ideias entre 2005-2007, essa foi uma cena que sempre arrancou risadas da plateia pela escolha ideal do elenco.Com prazer apresento o texto abaixo, que é meu xodó ;-)

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Silvia 3:30



Personagens Principais:-
Sílvia – Apresentadora de um canal de televisão que dirige um programa de entrevistas.
-Espectadora – Moça que está na platéia e adora aparecer.
-Ventríloquo – Rapaz com idade aparente de trinta anos e que trabalha com um boneco.
-Paquito – Boneco do ventríloquo (Interpretado por ator).
-Contra-regra
Cenário:Um auditório com uma mesa de canto para entrevistas.

Siglas no texto para designar falas e ações dos personagens:

S= Sílvia
E= Espectadora
V= Ventríloquo
P= Paquito
C= Contra-regra
Inicio do esquete:

A apresentadora Silvia entra no auditório e dirige-se a platéia.

S=(Sorridente) Boooooa tarde Brasil!(Espera resposta) Estamos começando mais um programa Silvia 3:30 com o patrocínio do tênis Lixoval, o tênis que é um lixo, mas é muito legal. (Contra-regra mostra tênis que está calçando)

C= (Segue com o microfone)
S= E no programa de hoje teremos somente entrevistas maravilhosas e os primeiros entrevistados da tarde são o Ventríloquo Pablo e seu boneco Paquito.
S= (Dirige-se à mesa onde os dois estão sentados) Aplausos para Pablo e Paquito... (Contra-regra mostra placa de aplausos)(Paquito está dormindo)V= Boa tarde Silvia é um prazer estarmos aqui no seu maravilhoso programa.
S= Com certeza, o prazer é todo meu!Mas o que aconteceu com o Paquito?Andou na gandaia esta noite?(risos)

V= (Constrangido) Não...É..Bem...Estivemos trabalhando até muito tarde em nosso show.
S= Realmente a agenda de vocês anda bem cheia, mas diga-me uma coisa...Como você está lidando com o sucesso Pablo?
P=Cada vez mais subindo a cabeça dele, pensa que é Elvis agora hehehe.
V= Que é isso Paquito?Tenha modos! Pensei que estivesse dormindo.
P= E dá pra dormir com um chato falando ao meu lado?
V= (Envergonhado) Mas que boneco sem educação, cumprimente a nossa amiga Silvia e esta platéia maravilhosa.
P= Olllllááááá pessoal! (Vira-se para Silvia) Boa tarde maravilhosa, linda e perfeita.
V= (Censurando) Vamos acalmar os ânimos Paquito, há pessoas presentes
.P= É que é duro estar sempre ao lado de um barbado.(Vira-se para Silvia) Você não quer ser minha parceira? Aí me livro do chato aqui do lado.
V= Não liga pra ele, vive dizendo bobagens, mas no fundo... Bem lá no fundo é uma pessoa de bom coração.
P= E tem que ter um excelente coração para trabalhar ao seu lado.(risos)
S= (Constrangida) Bem...Que tal continuarmos nossa entrevista?
V= (Sério) Viu Paquito? Estamos na televisão, veja se tem mais educação por gentileza
.P= (Chateado) Você vive pegando no meu pé mesmo né?Nunca posso falar nada.
V= Quieto!
P= (Começa a resmungar)
S= Bem, gostaria de saber a quantos anos vocês trabalham juntos?
V= Começamos a trabalhar juntos há cinco anos e vêm sendo um sucesso, pois nos damos muito bem.
S=(Com ironia) Sei, sei....
P= (Vira-se para Pablo) Você não é um boneco que nem eu, mas é um tremendo cara-de-pau.(Dá toques no rosto de Pablo) Realmente, minha querida Silvia, temos nossas desavenças e brigamos bastante, mas no palco nos damos muito bem.
V= Sim, é verdade. Mas o que seria da vida se não houvesse as pequenas desavenças?
P= Muito mais feliz!(risos)
V= (Sem paciência) Ah, esquece...
S= Bem, gostaria de saber qual a sua idade Paquito?
P= Sou um belo e garboso boneco de 20 aninhos, solteiro e muito legal. Quem estiver a fim de me conhecer é só ligar para...
V= (Interrompendo) Aqui não é agência de namoros, tenha modos.
P= Sai do meu pé chulé, só estou aproveitando o espaço dado. Jogada de marketing, você vai ver a fila amanhã na porta de casa.
V= (Debochando) Só se for fila de cobradores!
P=(Faz cara de bravo)
S= Voltando ao assunto e a entrevista em si. Gostaria de saber sua idade Pablo. 
P= Ih! Acho que ela está dando em cima de você.(Nesse instante o contra-regra coloca o microfone no rosto de Pablo).
V= (Vira-se para Paquito e aponta o contra-regra) Isso aqui morde?
P= Acho que sim!
V= Silvia dá um jeito em seus funcionários por gentileza.
S= (Dando bronca no contra-regra) Vou manda-lo embora se continuar assim.
C= (Ajoelha-se em posição de súplica)
S= (Envergonhada) Bem... Voltando a entrevista em si. Gostaria de saber a sua idade Pablo.
P= Ela tá afim de você.
V= Isso porque eu sou mais bonito que você, hehehe.
V= Bem Silvia tenho 29 anos, na verdade estou com quase trinta.
P=(Interrompendo ironicamente) Bicho mentiroso, só se for 30 em cada perna...huahuahua
V=(Nervoso) Qualquer hora te pego...
S= Aham...E você tem alguma namorada?
P= To te falando que ela tá afim de você...
V= E na cara dura hein!
V= (Fazendo pose) Bem, nenhuma pretendente no momento.
P= E nem vai ter com esse bafo de cebola horrível. (Tapando o nariz) Ô coisa ruim de ficar perto desse cara.
S= (Interrompendo) Bem, para encerrar a primeira entrevista da tarde gostaria de que alguém da platéia viesse até aqui.
E= (Começa a pular) Eu, eu, eu...Chama eu...Aqui.... ó,ó.
S= Aham...Mais alguém gostaria de vir até aqui?
E= Me chama! Por favor! Me chama! (Continua pulando com tabuleta na mão escrito Me chama!).
S= Bem...Não tem jeito mesmo! Pode vir minha querida.
E= (Olha para a platéia mandando beijos) Beijos para minha mãe, meu pai, minha irmã e para o meu cachorro Bobby. (Toda feliz) Obrigado! Sou fã dos dois, é um sonho estar aqui!
V= E um prazer para nós também.
P= E é bem bonita também, você namora?
E= (Envergonhada) Ainda não!
V= Tenha modos rapaz!
P= (Aborrecido) Cara chato!
S= (Um pouco irritada) Bem, o que você gostaria de perguntar para a dupla?Seja breve, pois o tempo está se esgotando.(Olhando para o relógio)
E= Oi Paquito! Qual o xampu que você usa para ter um cabelo tão bonito?
P= Que Xampu que nada! Isso é banha de galinha que minha mãe me deu para usar.
E= Que legal! Vou usar também.
E= (Eufórica) Posso fazer mais uma pergunta?Só uma. É para o Pablo.
S= (Olhando para o relógio) Pode! (Um pouco irritada) Venha minha querida, faça sua pergunta, mas é a ultima, temos mais para entrevistar.
E= Pablo, você é um cara tão legal! Você recebe muitas cartas de fãs?Posso mandar uma?
P= (Interrompendo) Recebe muitas cartas, mas são dos cobradores, dos advogados, das mães solteiras...
V=(Tampa a boca do boneco)
S= Infelizmente nosso tempo se esgotou e teremos que nos despedir dessa dupla tão fantástica.Palmas para eles, pois merecem.Obrigado Pablo e Paquito.
(Silvia dirige-se ao lado)
(Os dois levantam e o boneco começa a carregar o ventríloquo mostrando que o boneco era na verdade o ventríloquo e vice versa)
(Silvia faz cara de assustada e que não entendeu nada)

Chefe Irritado


Olá amigos,
Tenho o orgulho em apresentar um dos textos mais legais de escrever e atuar que tive o prazer em apresentar no espetáculo Baú de Ideias entre 2005-2007.
O texto segue abaixo e ao final do post vocês poderão conferir o vídeo do mesmo (desculpem a má qualidade do vídeo…ops)
Quero apenas lembrar que todos os textos do blog estão registrados na Biblioteca Nacional e que só é permitido uso fora daqui com a autorização expressa do autor.
Enjoy!
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Chefe irritado

- Personagens:Jussara= J (Moça nova no escritório)Renato = R (Rapaz que está trabalhando no micro)
Dona Mirna= M (Secretária)Leopoldo= L (Chefe neurótico)

- Cenário: A ação se passa dentro de um escritório.- Objetos cênicos: Cadeira com rodinhas, duas cadeiras normais, um biombo ou arara com cortina para fazer a divisória de escritórios.

Inicio:
(Entra em cena Renato e senta-se com má vontade em sua cadeira e começa a trabalhar. Logo em seguida entram Dona Mirna trazendo Jussara que está sorrindo).
J= (Alegre) Realmente a Empresa é muito grande Dona Mirna, não imaginava que tinha tantas atividades.
M= Arrã!
J= Nossa! É um pessoal tão simpático, tão alegre, tão…
M= (Interrompe) Essa é sua sala Senhorita Jussara.
J= Uau! Que demais! (Vira para o rapaz) Bom dia!
R= (Seco) Bom dia!
J= (Volta ao seu lugar atordoada) (Puxando assunto) Está um lindo dia hoje com certeza.
M= Bem minha querida! Se eu fosse você não ia me animando muito aqui não.
J= E por quê não? (Pausa) Aqui é uma Empresa tão legal…
R= (Irônico) Tenha certeza Dona Mirna que essa moça não dura dois dias aqui.
(Leopoldo coloca a cabeça para fora do biombo com olhar arregalado)
J= Não entendi!
M= Esquece minha filha! O Renato é muito brincalhão.
R= Pode ter certeza que não sou… Quando você conhecer nosso chefe…
L= (Entra em cena sentado na cadeira deslizando-a para o meio do palco e levanta-se) O que vocês estão falando de mim? Hein? Hein? Ouvi meu nome aqui suas cascavéis…
R= Estávamos apenas…
L= Falando mal de mim com certeza! Estou com você por aqui falso, hipócrita.
M= Estávamos apenas apresentando o escritório para a Senhorita Jussara.
L= É mesmo? Quem te perguntou? (Pausa) Víbora! Todos vocês são falsos. Ficam sorrindo na minha frente, mas é só virar as costas e vocês estão falando mal de mim…(Pausa rápida enquanto se vira para Jussara simpático) Prazer! Sou Leopoldo Duarte, chefe desse ninho de cobras.
J= (Sorri) Prazer sou Ju…
L= Não interessa! Ninguém lhe perguntou nada aprendiz de cobra. Agora voltem ao trabalho antes que desconte o dia de vocês. (Volta com a cadeira deslizando para o biombo onde faz um estrondo)
Todos= (Fazem cara de assustados).
L= (Volta levemente ao palco) Só para a vossa informação seus inúteis… Machuquei o braço. (Sai de cena).
J= É sempre assim?
R= Pode ter certeza que ainda piora.
M= Não fale assim que você assusta a jovem. O Senhor Leopoldo é um cara legal.
(Leopoldo coloca a cabeça para fora do biombo com olhar arregalado)
L= (Entra em cena sentado na cadeira deslizando-a para o meio do palco e levanta-se) Tenho certeza que agora ouvi vocês falando mal de mim! Tenho certeza que estão falando que sou gay. (Pausa) (Surto) Não sou gay não! Sou casado e tenho três filhos.
J= Mas…Mas…
L= Tenho certeza que você sairia comigo! (pausa) Não! Você não sairia comigo porque sou feio. (Pausa) Você me acha feio?
J= Não! O senhor não é feio!
L= Agora quer me cantar? Vocês são todos iguais! Qualquer coisinha e vão com um processo por assédio sexual, mas não caio nessa não, já sou macaco velho com vocês, seu répteis.
M= Mas Seu Leopoldo!
L= (Imitando Mirna) Mas seu Leopoldo… Pensa que não sei como vocês são? Primeiro ficam dizendo que sou gay e depois essa daí fica me cantando, mas não caio nessa não. (Pausa) E você terminou o relatório que pedi?
R= Estou terminando! Ainda falta uma página.
L= Ainda? Incompetente. Isso era para estar pronto já.
R= Mas o Senhor me entregou ontem antes de fechar o escritório. Comecei a fazer assim que cheguei.
L= Isso não justifica! Não justifica! Se vocês trabalhassem em vez de ficar falando que sou gay o trabalho estaria pronto viu? Cadê os papéis?
R= Estão aqui Seu Leopoldo.
L= (Pega os papéis e começa a rasgar) Quer saber de uma coisa? Você está demitido.
R= (Joga-se ao chão e começa a implorar) Não!!! Pelo amor de Deus não! Tenho esposa, três bacurizinhos e mais duas amantes para criar. Tenha piedade!
L= (Puxa Renato para cima de forma irônica) Primeiro de abril!
R= Mas hoje não é primeiro de abril, chefe. Hoje é dia 04 de abril.
L= Sério?
R= Verdade.
L= Então você está demitido seu trouxa. Passe no RH. (Tempo) E vocês trabalhando… Vamos! (Sai de cena para o biombo onde se escuta um estrondo).
Todos= (Fazem cara de assustados).
L= (Volta levemente ao palco) Só para a vossa informação seus inúteis… Machuquei a cabeça. (Sai de cena).
J= Ele é doido né?
M= Você não viu nada ainda ele até que está calmo hoje.
R= Ontem, por exemplo, ficou duas horas dando sermões em como devemos preencher formulários de requisição de canetas no almoxarifado.
M= E anteontem ficou cantando o hino nacional o expediente inteiro.
(Música assobiada do hino começa a tocar)
J= E está ecoando até hoje. (Começa a fazer cara de choro) Será que vou agüentar?
(Leopoldo coloca a cabeça para fora do biombo com olhar arregalado)
M= Agüenta sim! Finja que nada está acontecendo e o dia passa mais rápido.
J= (Repete como um mantra) Não está acontecendo nada! Não está acontecendo nada!
L= (Entra em cena sentado na cadeira deslizando-a para o meio do palco e levanta-se) Ahá!
J= (levanta-se assustada) Aaaiiii! Que susto!
L= Se assustou com o que? Já sei, com certeza estava falando bobagens sem trabalhar. Vou manda-la embora sua cascavel.
M= (Interrompe) Estava reparando em como seu sorriso está mais lindo hoje chefinho.
L= Reparou? Ou está apenas puxando meu saco?
R= É verdade! O que o senhor fez?
L= Branqueamento nos dentes. Vocês repararam?
M= Sim! Ficou ótimo Seu Leopoldo.
R= É verdade! Ficou muito bem mesmo. Vou até pegar o endereço do dentista que o senhor foi.
L= Vocês estão falando sério? Não estão tramando nada? (Vira-se para Jussara) E você o que achou?
J= Realmente ficou muito bom… Muito bom mesmo.
(Pausa)
L= Peguei vocês seus mentirosos, Cobras Najas prontas para dar o bote em mim não é? Não fiz clareamento coisa alguma. Cambada de puxas sacos incompetentes. (pausa) Vou agora mesmo no RH dar queixa de vocês. (Irritado) Vou manda-los embora. Depois dizem que sou neurótico e paranóico. Não sou paranóico! Vocês é que querem me derrubar, mas vou agora mesmo até lá manda-los embora. (Sai deslizando com a cadeira ao fundo do palco onde ele cai de costas com estrondo e fica inerte).
J= Ai meu Deus! Ai meu Deus! (Sai correndo de cena).
R= Eu que não fico aqui quando ele acordar. (Sai de cena)
M= Vixi Maria…. Tchauzinho mesmo! (Sai)
L= (Levanta-se e vai ao centro de palco) Só para informação de vocês suas víboras… Machuquei o braço e a perna, e dói, tá… (Sai de cena mancando).
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Abaixo o vídeo da apresentação dessa cena na Biblioteca da Vila Formosa SP

Olá Mundo!


Olá à todos!
O Baú de Ideias surge como uma forma de divulgar textos de minha autoria que estavam aqui armazenados no fundo do baú. Muitos destes textos são de cunho teatral e foram escritos para serem utilizados nos espetáculos da Cia Luminart, alguns também nunca chegaram a ser encenados.
Terá aqui neste espaço alguns contos, algumas fábulas e em breve quem sabe textos inéditos que poderão dar corpo à um futuro livro… Quem sabe?
Desejo à todos uma ótima leitura e comentários serão sempre bem vindos, desde que não sejam comentários ofensivos.
Divirtam-se com a leitura e até breve ;-)
Obs: Todos os textos aqui apresentados estão registrados na Biblioteca Nacional, portanto não é permitida a cópia, anexar em outros sites, etc sem a permissão do autor dos textos, sob pena de processo por violação dos direitos autorais.